segunda-feira, 3 de março de 2008

Educação Infântil (Maria Yokoya)

Há dois tipos de instituições para crianças pré-escolares:

· yochien - pré-escola, para crianças de 3 a 6 anos, vinculada ao Ministério da Educação
· hoikuen - creche, para crianças de alguns meses até 6 anos cujas mães trabalham, vinculada ao Ministério do Bem-Estar Social

Mesmo as crianças brasileiras podem frequentar estas instituições japonesas, ou os pais podem optar em colocar em escolas brasileiras ou mesmo não matricular em nenhuma instituição. A educação infantil não é obrigatório para os pais.
Para quem têm filhos em idade pré-escolar, ou seja, até 6 anos de idade, eu aconselho matricular em alguma instituição. Vou falar sobre a opção “japonesa “.
Se a intenção da família é ficar mais algum tempo no Japão com a possibilidade de ingressar no shogakko, então aconselho matricular no yochien ou no hoikuen.
A escolha entre um e outro vai depender da mãe. Se ela trabalha, a opção é colocar no hoikuen, creche, pois há possibilidade de deixar a criança mais tempo, ou melhor, o horário que a mãe trabalha. No máximo até as 19h, geralmente. Mesmo assim, a criança ficará mais de 10 horas afastada da mãe.
Se a mãe não trabalha, a opção é o yochien. Claro que mães que trabalham também podem matricular nos yochien, há possibilidade de deixar até o horário mais prolongado. Meus filhos usaram os dois serviços. Dependia do trabalho ou das atividades que eu estava desenvolvendo naquela época.
Já tive vários alunos brasileiros, estudantes em escolas públicas japonesas, que não frequentaram nenhuma instituição de ensino infantil. Eu sofri com estas crianças. Acho que as crianças também sofreram. Os pais e os professores também. Sofremos o choque cultural.
Estas instituições preparam as crianças. Através das brincadeiras, ensinam a socialização. Aprendem a conviver com as outras crianças e com os professores. Aprendem a brincar, a brigar, a fazer as pazes, a pedir desculpas, a desculpar. Enfim, aprendem o básico do relacionamento humano, fora de casa.
Através do contato com a natureza, aprendem a respeitar a vida das plantas, dos animais. Tem atividades ao ar livre, com excursões e passeios.
Durante o ano, as crianças participam de vários eventos, próprios da instituição ou mesmo da época do ano. Muitas destas atividades, vem carregadas de cultura japonesa. Por exemplo: comemoração do Dia dos meninos (koinobori), comemoração do Dia das meninas (hina matsuri), Tanabata, Setsubun, imo taikai, mochi tsuki taikai, e também o Halloween, o Natal.
Lembra das comemorações no Brasil? Dia da árvore, Dia do índio, Dia do Trabalho, Dia das Mães, Festa Junina, Santo Antonio, São João, São Pedro, Dia dos Pais, Dia das Crianças, Dia dos Professores!, Natal?
Foi assim, que fomos aprendendo a Cultura Brasileira. Em cada fase, um pouquinho mais. Assim também é no Japão. Um pouco a cada ano. Bem devagarinho, para as crianças irem se adaptando.
Por fim, as crianças no relacionamento com outras pessoas, com as atividades, vão também aprendem aos poucos o idioma japonês. E quando ingressam no shogakko já conseguem entender bem as explicações dos professores.
Neste mês de maio, fui ver uma aula da primeira série do shogakko, era aula de matemática. A professora estava explicando sobre quantidade, qual dos grupos continha mais elementos. Para um adulto, muito simples entender. Os alunos também estavam entendendo as explicações em japonês e respondiam às perguntas da professora. Eu fiquei imaginando uma criança que não entende o idioma, como é difícil acompanhar as explicações. O problema não é de capacidade, mas de linguagem.
Os pais brasileiros podem evitar ou melhor podem facilitar a aprendizagem dos filhos, investindo no ensino infantil. E desta forma, diminuindo um pouco o choque cultural, do qual me referi anteriormente. A opção é da família.

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